A tradição que não foi: maxixe, moralidade e identidade nacional (1911-1926)

Abstract

Criada por volta de 1880 nos clubes recreativos da Cidade Nova, no Rio de Janeiro, a hoje “extinta” dança do maxixe esteve bastante presente no cotidiano do divertimento carioca, condenada pelos moralistas e exaltada pela crônica teatral e carnavalesca. Em 1913, a imprensa noticiava que o dançarino Antônio Lopes de Amorim Diniz, o “Duque”, fazia sucesso na capital francesa apresentando o gênero dançante, que passava a “representar” o Brasil para o mundo, tornando-se motivo de orgulho ou levantando questionamentos sobre sua legitimidade. Esta pesquisa toma as notícias de Duque como ponto de partida para avaliar os reflexos deste episódio na crônica jornalística e sua relação com os múltiplos pensamentos sobre a identidade brasileira, tendo por objetivo principal a tentativa de desvendar o desaparecimento e o fim da prática da dança e os motivos de sua não consagração enquanto símbolo nacional. Utilizando como fonte o Jornal do Brasil, será possível observar um rico debate que revela os desacordos sobre a imagem que se pretendia para a nação, os anseios sobre uma nacionalidade frente a “invasão” cultural estrangeira do pós-Primeira Guerra e a moralidade no centro do pensamento sobre a identidade nacional brasileira.